Eu sou um livro aberto sem histórias Um sonho incerto sem memórias Do meu passado que ficou Eu sou um porto amigo sem navios Um mar, abrigo a muitos rios Eu sou apenas o que sou
Eu sou um moço velho Que já viveu muito Que já sofreu tudo E já morreu cedo
Eu sou um velho moço Que não viveu cedo Que não sofreu muito Mas não morreu tudo
Eu sou alguém livre Não sou escravo e nunca fui senhor Eu simplesmente sou um homem Que ainda crê no amor
Meu amor pode me acordar feito raio de sol que invade o quarto pela persiana torcida ou pelo esgarço da cortina e me fazer sair arrastado, quase sonâmbulo, abrir a porta da cabana e deparar com o mar de azul sereno me esperando: eu, a onda gelada e meu corpo desnudo e estranho. Meu amor pode ser próximo mas não pode querer ficar colado em mim que nem o selo daquela enésima carta com as mesmas palavras gastas de amor já usado. Não pode me espremer feito laranja obrigada a virar suco sem chance de querer outros rumos, outra receita ou outros copos fora da sua jarra. Meu amor pode sentir falta mas tem que me esquecer para, de repente, se lembrar e mandar uma asa-delta ou um balão passear pela janela do apartamento com uma breve declaração de amor. Pode se lembrar mas não pode me seguir pelo rastro dos meus recados, dos scraps ou das chamadas identificadas. Meu amor pode ficar curioso mas tem que passar incólume pela minha agenda aberta nas páginas de endereço e lá não olhar. Meu amor pode discutir e até se irritar mas não quero ouvir gritos na madrugada, nem portas que arrebentam meus tímpanos nem vir me apertar ou me empurrar na porta da escola, no hall de um cinema ou quando seu olhar imaginar que o meu escorregou em busca de uma outra beleza. Meu amor deve ser mais que paz. Meu amor deve ser meu amigo que consiga,se tudo terminar, visitar meu refúgio, ajudar nos naufrágios e não querer meu martírio. Meu amor deve ser límpido e não me querer obscuro ora fugindo dos seus azares ora me agourando o futuro. Meu amor, se amor de fato, saberá me reconhecer pelo tato, pelo olfato, pelo paladar da minha boca dentre outras bocas pelo escutar do meu sussurro diante dos gritos. Meu amor haverá de saber tudo e mesmo assim guardará sigilo. Meu amor, se me amar, trocará carinhos, encontrará todos os desejos mas criará um lago de margens para que nossos encontros não sejam fáceis nem rápidos e para que o movimento de nossas braçadas nos alcance um ao outro desejosos e cansados. Meu amor não me prenderá em retratos de carteira, em jantares de trabalho nem em programas que pouco me falem. Meu amor saberá ser livre pois só livre saberá dar valor quando, em meio a muitos, sentir a minha falta. E eu, estando sozinho, agradeça pela solidão passageira. Meu amor não será o mais belo, nem o mais rico, nem o mais sábio, nem o mais forte ou mais terno que qualquer outro. Meu amor será o que será para mim. E eu serei o que já sou. Entre nós e para nós, o pouco que falta em um se compensará no muito que sobra no outro. Meu amor a mim não se comparará mas será a parte que me completa. Meu amor não me tirará dos meus nem me dará de presente aos seus. Um amor maior saberá repartir e dar a todos a nossa melhor parte. Meu amor será sempre intenso mas não será alarde. No final, se finalmente houver, meu amor será barco, será cais, será meu mas apenas um pedaço. Se o outono vier a um primeiro buscar meu amor não será lágrimas. Será o meio de eu estar e me fazer lembrar. Meu amor pode fazer, então, o que de mim quiser.Serei apenas átomo, carbono no éter do espaço. Alguém a observar seus passos. Leves. Bem leves.
E se você tivesse um filho? E se seu filho fosse cego? E se seu filho fosse cego e gay? Daniel Ribeiro, o diretor da delicadeza da diversidade, tenta ajudar a responder e nos entender com seu novo curta-metragem.
Então a vida, é isso? Um espasmo breve entre dois hiatos mais breves ainda: um choro assustado em que tudo começa e que segue trôpega ora cheio de luz e sentido ora vazia e sem razão até a estação derradeira; quiçá um suspiro calmo e finalmente tranqüilo...
If I ruled the world, ev'ry day would be the first day of spring Every heart would have a new song to sing And we'd sing of the joy every morning would bring If I ruled the world, ev'ry man would be as free as a bird, Ev'ry voice would be a voice to be heard Take my word we would treasure each day that occurred My world would be a beautiful place Where we would weave such wonderful dreams My world would wear a smile on its face Like the man in the moon has when the moon beams If I ruled the world every man would say the world was his friend There'd be happiness that no man coud end No my friend, not if I ruled the world Every head would be held up high There'd be sunshine in everyone's sky If the day ever dawned when I ruled the world
Alex Freyre e José María Di Bello, homossexuais latinos-americanos, se casaram no dia 28 Dezembro de 2009 e de hoje em diante, oficialmente, serão um dos muitos casais gays plenos e felizes na Argentina.