24.3.10
itapuã
Nosso amor resplandecia sobre as águas que se movem
Ela foi a minha guia quando eu era alegre e jovem
Nosso ritmo, nosso brilho, nosso fruto do futuro
Tudo estava de manhã
Nosso sexo, nosso estilo, nosso reflexo do mundo
Tudo esteve em Itapuã
Itapuã, tuas luas cheias, tuas casas feias
Viram tudo, tudo, o inteiro de nós
Itapuã, tuas lamas, algas, almas que amalgamas
Guardam todo, todo, o cheiro de nós
Abaeté, essa areia branca ninguém nos arranca
É o que em Deus nos fiz
Nada estanca em Itapuã
Ainda sou feliz
Itapuã, quando tu me faltas, tuas palmas altas
Mandam um vento a mim, assim: Caymmi
Itapuã, o teu sol me queima e o meu verso teima
Em cantar teu nome, teu nome sem fim
Abaeté, tudo meu e dela
A lagoa bela sabe, cala e diz
Eu cantar-te nos constela em ti
Eu sou feliz
Ela foi a minha guia quando eu era alegre e jovem
canô
desde o tempo do carro de boi
da época do trem motriz
do auge dos canaviais
tens vivido a semear a luz
a paz e o amor que tem raiz
na índia dos teus ancestrais
vida cheia de momentos raros
nesta cara santo amaro
terra de doces paixões
zeca e todas as meninas
e os meninos, quantos sinos
quantos hinos, quantas orações
há de ouvir de nós
sempre essa voz
sempre essa voz
sempre em tom de louvor
nossa emoção, canô
nesta canção, canô
nossa emoção, nesta canção
parabéns pra você, canô
cem anos com você, canô
parabéns pra você, canô
cem anos com você, canô
gilberto gil