20.10.10
affonso
Parece que há dias em que o fio se perde
nem mesmo a presença ou a lembrança
daquela memória mais recôndita
a que só nós dois talvez consigamos perscrutar
nos une, nos aproxima ou nos dá sentido.
Em certos momentos, de certa forma
nossos olhares se assustam
pois à frente surge um ser tão desconhecido
que ficamos na dúvida
se juntos habitamos a mesma casa
se usamos a mesma pia
ou se dizemos "Olá" como se fosse alguém familiar
(pelo menos na noite passada).
O mesmo tempo que se alastra silencioso
depois de tanta convivência
e que a tudo observou
dos contatos mais profundos
aos impasses e incômodos
hoje vela separadamente
meu sono que busca a completa mansidão
e o seu de histórias trágicas.
Nem corpos selados
nem mãos que se tocam suaves
nem cheiros
nem o roçar de barbas e cabelos.
Apenas um espaço, nem pequeno nem imenso
nos rodeia, nos constrange e nos resfria
num miasma úmido
que ora nos sufoca e nos maltrata
quando um verão sem litoral nos adoece.
Porém, assim meio ruim
com tantos desajustes
surge algo ínfimo
brevíssimo
quase escapando.
Que sem forças de ser quase nada
sem jeito até de nos sugerir uma risada
ou de refazer algum abraço
não busca qualquer palavra que a isto resuma
mas testemunha:
Que o que já sentimos
assim é e aqui está
que o que somos
nos atravessa e nos apalpa
e o que sabemos um do outro
ainda é nosso.
E é segredo.
Janeiro de 2008
nem mesmo a presença ou a lembrança
daquela memória mais recôndita
a que só nós dois talvez consigamos perscrutar
nos une, nos aproxima ou nos dá sentido.
Em certos momentos, de certa forma
nossos olhares se assustam
pois à frente surge um ser tão desconhecido
que ficamos na dúvida
se juntos habitamos a mesma casa
se usamos a mesma pia
ou se dizemos "Olá" como se fosse alguém familiar
(pelo menos na noite passada).
O mesmo tempo que se alastra silencioso
depois de tanta convivência
e que a tudo observou
dos contatos mais profundos
aos impasses e incômodos
hoje vela separadamente
meu sono que busca a completa mansidão
e o seu de histórias trágicas.
Nem corpos selados
nem mãos que se tocam suaves
nem cheiros
nem o roçar de barbas e cabelos.
Apenas um espaço, nem pequeno nem imenso
nos rodeia, nos constrange e nos resfria
num miasma úmido
que ora nos sufoca e nos maltrata
quando um verão sem litoral nos adoece.
Porém, assim meio ruim
com tantos desajustes
surge algo ínfimo
brevíssimo
quase escapando.
Que sem forças de ser quase nada
sem jeito até de nos sugerir uma risada
ou de refazer algum abraço
não busca qualquer palavra que a isto resuma
mas testemunha:
Que o que já sentimos
assim é e aqui está
que o que somos
nos atravessa e nos apalpa
e o que sabemos um do outro
ainda é nosso.
E é segredo.
Janeiro de 2008
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