Tudo lhe doía
de tanto que lhes queria:
de tanto que lhes queria:
a terra
e o seu muro de tristeza,
e o seu muro de tristeza,
um rumor adolescente,
não de vespas
mas de tílias,
não de vespas
mas de tílias,
a respiração do trigo,
o fogo reunido na cintura,
um beijo aberto na sombra,
tudo lhe doía:
a frágil e doce e mansa
masculina água dos olhos,
masculina água dos olhos,
o carmim entornado nos espelhos,
os lábios,
instrumentos da alegria,
instrumentos da alegria,
de tanto que lhes queria:
os dulcíssimos melancólicos
magníficos animais amedrontados,
um verão difícil
em altos leitos de areia,
magníficos animais amedrontados,
um verão difícil
em altos leitos de areia,
a haste delicada de um suspiro,
o comércio dos dedos em ruína,
a harpa inacabada
da ternura,
da ternura,
um pulso claramente pensativo,
lhe doía:
na véspera de ser homem,
na véspera de ser água,
o tempo ardido,
na véspera de ser água,
o tempo ardido,
rouxinol estrangulado,
meu amor: amora branca,
o rio
inclinado
para as aves,
inclinado
para as aves,
a nudez partilhada, os jogos matinais,
ou se preferem: nupciais,
ou se preferem: nupciais,
o silêncio torrencial,
a reverência dos mastros,
no intervalo das espadas
no intervalo das espadas
uma criança corre
corre na colina
corre na colina
atrás do vento,
de tanto que lhes queria,
tudo tudo lhe doía.
tudo tudo lhe doía.
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