28.2.10

sensual

Ney Matogrosso

Quando eu cantar
quero ficar molhado de suor.
E por favor não vá pensar
que é só a luz do refletor.
Será minha alma que sua
sob um sol negro de dor;
outro corpo, a pele nua,
carne, músculo e suor.
Como um cão que uiva pra lua
contra seu dono e feitor;
uma fera-animal ferido
no dia do caçador;
humaníssimo gemido
raro e comum como o amor.
Quando eu cantar
quero lhe deixar
molhada em bom humor.
E por favor não vá pensar
que é só a noite ou o calor
Quero ver você ser
inteiramente tocada
pelo licor da saliva,
a língua, o beijo, a palavra.
Minha voz quer ser um dedo
na tua chaga sagrada.
Uma frase feita de espinho,
espora em teus membros cansados:
sensual como o espírito
ou como o verbo encarnado

Tuca / Belchior

eu velejava em você

zizi possi




Eu velejava em você
Não finja
Como coisa que não me vê
E foges de mim

A boca tremia
Os olhos ardiam
Ó doce agonia
Ai dor de viver
De ver sua imagem
Que eu nunca via

Sua boca molhada
Seu olhar assanhado
Convite pra se perder
Minha alma cansada
Não faz cerimônia
Você pode entrar sem bater

pois eu já velejei em você
E foi bom doer
Mas foi como sempre um sonho
Tão longe, risonho
Sinto falta, queria lhe ver.

Eduardo Dusek

cabelos negros

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Eu quero seus cabelos negros
Nas minhas mãos
Eu quero seus olhinhos ciganos
Nos meus sonhos
Eu quero você minha vida inteira
Como doce mania
Fosse qualquer maneira
Eu queria você assim como é
Sem mentir, nem dizer
O que não quiser
Eu quero você criança
Caída no chão
Eu quero você brilhando
Brincando de mim
Pois eu quis você
Como o sol e as estrelas
Noites de lua
Nostalgia
E vou ter você
Mesmo só pra pensar
Nessas coisas de amar
Na alegria
Eu começo a descobrir
Que em meu coração
Tá nascendo um jardim
Pensando em plantar
Você dentro de mim
Pois preciso lhe ver
Várias vezes florescendo
Nas luas crescentes
Sentir seu perfume
Prá encontrar você

15.2.10

pedro meu filho

 Pedrinho
Dory Caymmi / Paulo Cesar Pinheiro

Ele imaginava
Que era rei, soldado
Herói, pirata e domador
Era o que queria ser
Porque era um sonhador

Ele acreditava
Em dragão, bruxa
Saci, cavalo voador
Via o que queria ver
Porque era um sonhador

E o picapau amarelo
O mundo que escolheu
Era assim como um castelo seu

Ele viajava
E era trem, submarino
Avião vapor
Ia onde queria ir
Porque era um sonhador

E ao picapau amarelo
Retornava então
Pois não há mundo mais belo não

Ele se encantava
Pois no sítio há tanto bicho
Mato, fruta e flor
Ele então só quer crescer
Para o mundo exterior
Percorrer

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luiz tatit feat. ceumar

Alguém total
(Dante Ozzetti e Luiz Tatit)

Vem me abraçar, vem
Vem reparar bem
Quem é que abraçou quem
Pois vou lhe abraçar também
Quem dá um abraço
Não sabe se deu
Ou se devolveu
Ou se perdeu
Quando o abraço sai de alguém
E não volta
Não envolveu
Anunciou
Renunciou
Dissolveu
Vem me abraçar, vem
Vem reparar bem
Quem é que abraçou quem
Pois vou lhe abraçar também
Quem quer um pedaço
Um pouco de alguém
Abraçando tem
E ainda mais
Se o abraço for além
De um minuto
Aí é fatal
Envolveu
Você tem
Um alguém
Total

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9.2.10

reincarnation

 

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elbow

 

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pedro, o caçula, na fau-usp no começo do curso



laura, minha filha, e amiga no rio algum tempo atrás



dogsmuscle


Muzicons.com


Eu vi quando você me viu
Seus olhos pousaram nos meus 
Num arrepio sutil 
Eu vi, pois é, eu reparei 
Você me tirou pra dançar 
Sem nunca sair do lugar 
Sem botar os pés no chão 
Sem música pra acompanhar 
Foi só por um segundo 
Todo o tempo do mundo 
E o mundo todo se perdeu
Eu vi quando você me viu 
Seus olhos buscaram nos meus 
O mesmo pecado febril 
Eu vi, pois é, eu reparei 
Você me tirou todo o ar 
Pra que eu pudesse respirar 
Eu sei que ninguém percebeu 
Foi só você e eu  


"Cupido" 
Claudio Lins


denir4

felipe espíndola & sarah panamby

casal, artistas,
pessoas de outro patamar humano.

                                      

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thiago aoki

Alguém tão bacana que, se ele não existisse,
eu o inventaria para o mundo ser um lugar que valesse a pena.




Atualizados recentemente

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lamb





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4.2.10

epaminondas

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Este final do primeiro mês do ano, provavelmente, não será mais esquecido por nós.

Epaminondas, um dos gatos de casa, faleceu.

Foi tão rápido que parece que foi ontem. E pior: parece que nem aconteceu.

Num dia surgiu tossindo estranho, noutro vomitando água, noutro emagrecido, noutro fraquinho e sonolento e mais um dia morto. Meio sem anúncio, sem drama e sem dor.

Epa, esse era seu apelido e não uma interjeição, era assim.

Poucos miados, poucos amigos sempre esperando a chance para fugir rápido pela porta do apartamento e se entregar feliz a um rolar interminável no chão de mármore dos andares acima.

Nonon, esse era seu outro apelido e não o seu ruído característico, nunca foi de bando. Era solo, gato de rua que flagrei filhote "brincando" com cahorros prestes a devorá-lo. Para a menina que olhava perguntei: - é seu? ela disse: - é não, é de nínguém.

Não era mais.

Branquinho e bravinho, veio pra casa e lá se ajeitou. Nada de muitos carinhos nem muitos agrados. Apenas um gato, uma casa, um dono e um novo lar. Do mesmo jeito que chegou se mudou junto comigo e com o resto quando viemos para cá. Um apartamento enorme, cheio de quartos, armários, portas, janelas e escadas.

Aqui, um dia antes antes de se tornar estéril, não por vontade própria mas por nossa necessidade, fecundou. Sem muito tumulto e sem muita demora como é comum aos gatos.

Epa, não o nosso espanto mas o macho branco, possuiu Marylin a fêmea branca e deste encontro veio uma prole de gatinhos, metade felpudos como ele metade curtos como ela.

Mas nem pai, nem marido nem líder Epaminondas queria ser. Ele queria ser sozinho, distante e felino como a maioria dos gatos desejam.

E continuou fugindo. Até que um dia, fugindo pela porta errada, a janela, acabou caindo. Quatro andares até uma mureta. Nenhum ruído. Pensei: Epa, não o gato mas o meu gemido, era uma vez um gatinho...Não era não foi.

Epa, com o céu da boca machucado e muito assustado, voltou do  socorro faminto e pronto para novas escapadas.

Nonon ainda albino, com seu pelo comprido, sofria na pele das pulgas aqui instaladas. Vivia por cima dos móveis, aos pulos, sumindo. Nos últimos tempos, com a casa mais limpa, era só alegria. Epa estava lindo, viçoso, com um jeito só seu de ficar mole como um ragdoll quando no colo.

Mas Nonon continuava no seu mundinho.
Ora em horas intermináveis caçando os movimentos das imagens da televisão. Ora em sonecas desacordadas sobre o calor do computador geralmente encerradas ao despencar no chão.

Essa era sua vida: fugindo, dormindo e caindo.

E foi assim que nos encontramos no último dia.
Já sem forças, Epa não mais fugia, nem mais dormia e sequer caía. Epa quase não nos via.

Com esforço saiu da caixinha que o abrigava.
Antes pequena agora um abrigo imenso para um corpinho frágil com uma expressão doída. De tanto raspado e de tanto espetado Nonon já nada mais queria.

Sem nenhum alarde ainda deu um salto num último espasmo.

Mas ele e nós já sabíamos:

Janeiro chegara ao fim.
E terminou naquela tarde.

 

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